RIO e SÃO PAULO - Referência no tratamento da Aids no mundo, o Brasil enfrenta uma dramática crise na importação e distribuição dos principais medicamentos anti-HIV. Desde dezembro, os soropositivos sofrem, em todo o país, com a falta do Abacavir, prescrito para os casos mais graves da doença. Há relatos de carência de outros remédios pelos estados, como a Lamivudina, para a primeira fase de manifestação do vírus. A angústia atinge crianças, mulheres grávidas, pacientes graves e doentes que estão na fase inicial do tratamento.
Em busca de alternativas provisórias para o problema, redes de solidariedade vêm sendo montadas: pacientes usam até medicamentos de outros que já morreram, por exemplo. Portarias do Ministério da Saúde recomendaram a troca de medicamentos, o que traz incômodos e riscos.
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Comecei a pensar: por que o governo quer me matar? Troquei (o remédio) porque não tive opção
"Aos 58 anos, o aposentado Silvio Cruz, morador de São Paulo, um dos estados onde a distribuição enfrenta problemas, usa o Abacavir desde 2007. Em janeiro, depois de ficar quatro dias sem o remédio, fez a troca por outro medicamento.
- Fiquei muito revoltado quando soube que o governo parou de entregar, me isolei e isso para quem tem a doença é muito ruim. Comecei a pensar: por que o governo quer me matar? Troquei porque não tive opção, mas fiquei dias sentindo como se minhas pernas pesassem 15 quilos cada, acabei acamado - conta Silvio.
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